Nos últimos anos, a TV estadounidense, e não o cinema, é que tem sido proporcionalmente, o celeiro do entretenimento escapista de boa qualidade, seja pela originalidade, ou pela qualidade dos roteiros. É como se os bons roteiristas, estivessem cada vez mais migrando para a televisão.
E, de certa forma, para um roteirista, um seriado de TV pode ser muito mais interessante e desafiador do que um longa metragem para cinema. Interessante, pois em uma série, é normal que o roteirista ganhe a fama e seja o principal responsável, e não o diretor (vide os exemplos de Gene Rodenberry, Chris Carter e J.J.Abrahams) e desafiador, porque um seriado, geralmente tem a sua duração definida pela audiência, o que pode levar o universo criado a ser expandido e durar anos e anos.
Lost é, sem dúvida, o maior fenômeno dentro do gênero. Conseguiu expandir seu universo, graças ao poder e a influência da internet e, com isso, alavancou e conquistou o gosto de muita gente que não acompanhava seriados, aumentando o público para as séries até mesmo aqui no Brasil (eu faço parte do grupo de pessoas que começou a acompanhar séries sistematicamente graças a Lost). Com a sua última temporada prevista para o próximo ano, produtores e principalmente o público, procuram um substituto.
Flash Forward, está sendo citado já há alguns meses como esse provável substituo. Produzido pela rede ABC, baseado em um livro de Robert J. Sawier, o episódio piloto teve audiência de 12 milhões de expectadores nos EUA.
O mote da série é interessantíssimo: toda a população da terra desmaia ao mesmo tempo e fica inconsciente por 2 minutos e 17 segundos. Nesse tempo, tem uma visão de um momento da sua vida no futuro.
Como bom fã de Lost, assisti ao piloto com reservas. E comecei a ficar surpreso logo nos primeiros minutos, na fantástica edição da sequência que mostra os personagens principais nos momentos que antecedem ao "apagão". Embora não chegue ao impacto e a perfeição do primeiro episódio de Lost (que pra mim é o Cidadão Kane dos pilotos de seriados) é muito bem escrito, produzido e dirigido. Tem a frente do ótimo elenco, Joseph Fiennes, prende a atenção até o final, consegue aproveitar muito bem e expandir o seu conceito principal e, o mais importante para o formato: tem um gancho final que deixa o público ansioso pelo próximo episódio. Espero que os próximos episódios, sejam tão bons ou melhores quanto este primeiro. Afinal, próximo ano Lost acaba.